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ENEM 2021 - Questão 24

23 de novembro de 2021

  A história do futebol brasileiro contém, ao longo de um século, registros de episódios racistas. Eis o paradoxo: se, de um lado, a atividade futebolística era depreciada aos olhos da "boa sociedade" como profissão destinada aos pobres, negros e marginais, de outro, achava-se investida do poder de representar e projetar a nação em escala mundial. A Copa do Mundo no Brasil, em 1950, viria a se constituir, nesse sentido, em uma rara oportunidade. Contudo, na decisão contra o Uruguai sobreveio o inesperado revés. As crônicas esportivas elegiam o goleiro Barbosa e o defensor Bigode como bodes expiatórios, "descarregando nas costas" dos jogadores os "prejuízos" da derrota. Uma chibata moral, eis a setença proferida no tribual dos brancos. Nos anos 1970, por não atender às expectativas normativas suscitadas pelo estereótipo do "bom negro", Paulo César Lima foi classificado como "jogador-problema". Ele esboçava a revolta da chibata no futebol brasileiro. Enquanto Barbosa e Bigode, sem alternativa, suportaram o linchamento moral na derrota de 1950, Paulo César contra-atacava os que pretendiam condená-lo pelo insucesso de 1974. O jogador assumia as cores e as causas defendidas pela esquadra dos pretos em todas as esferas da vida social. "Sinto na pele esse racismo subjacente", revelou à imprensa francesa: "Isto é, ninguém ousa pronunciar a palavra 'racismo". Mas posso garantir que ele existe, mesmo na Seleção Brasileira". Sua ousadia consistiu em pronunciar a palavra interdita no espaço simbólico do discurso oficial para reafirmar o mito da democracia racial.

Disponível em: https://observatorioracialfutebol.com.br. Acesso em: 22 jun. 2019 (adaptado).

O texto atribui o enfraquecimento do mito da democracia racial no futebol à

A) responsabilização de jogadores negros pela derrota na final da Copa de 1950.
B) projeção mundial da nação por um esporte antes destinado aos pobres.
C) depreciação de um esporte associado à marginalidade.
D) interdição da palavra "racismo" no contexto esportivo.
E) atitude contestadora de um "jogador-problema".

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RESPOSTA: E

RESOLUÇÃO COMENTADA:

Segundo o texto, a palavra "racismo", que até então não era proferida no contexto esportivo, ao ser dita por Paulo César, reforçou que existia um mito da democracia racial no futebol. Logo, a atitude contestadora desse "jogador-problema" trouxe à tona a discussão sobre se realmente existia uma democracia racial no futebol.

Fonte do post em: COC

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